quinta-feira, 28 de junho de 2007

GUARDAR_______Lindo poema!

GUARDAR
Antonio Cícero


Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela.

Por isso melhor se guarda o vôo de uma pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

domingo, 10 de junho de 2007

Um deserto de céu e mar me envolve nesse meio dia.
Ondas de areia misturadas com estrelas secas arranham a pele a sangram a alma.
A solidão é uma nuvem de chumbo, nevoeiro de dor e saudade.
Nossos olhos são faróis únicos que eu procuro.
Sigo tuas palavras para sentir teus passos.
Tuas mãos são portas para o nosso porto, nosso abraço.
Espero um tempo dentro do tempo, além das horas,
onde a gente possa ficar duas eternidades lado a lado,
respirando apenas amor,
encantamento e luz.

DINIZ NETO - 10/06/2007

quinta-feira, 7 de junho de 2007

CACOS - Diniz Neto

CACOSDiniz Neto

Compreender assim a nossa alma.
Nosso corpo é feito de pedaços e,
para entender nossa alma,
é preciso quebrá-la.
Talvez.
Seria ao acaso que nos dividimos?
Ou apenas nos permitimos a essas aventuras
nas quais nos perdemos para voltarmos depois, veleiros,
lentamente, passo a passo,
mão a mão, palavra a palavra,
solidão a solidão - para fazer nascer então novos sentimentos, nova pele, novos rumores, ardores, amores.
Sim, não somos só um.
Somos milhares, milhões de pedaços, desde a noite de amor que nos trouxe até aqui,
até esse incessante caminhar.
E por assim, tão múltiplos,
conseguimos refletir o brilho dos pensamentos, os sons dos desejos,
os passos da agonia,
os gritos de cada abandono e de todos os abraços.
Vem sentar comigo,
silencia teu poema para fazer nascer aqui a noite - ela também feita dos cacos das estrelas
furando persistente o tapete infinito da escuridão.

26/08/2005

CACOS - Diniz Neto